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Tipo: Trabalho de Conclusão de Curso
Título: Eu tentava recusar mas ele não aceitava um não como resposta: um estudo sobre as percepções da mulher em relação ao estupro marital, na Cidade de Maputo, no ano de 2024
Autor(es): Matsinhe, Dulce Gabriel
Primeiro Orientador: Muianga, Baltazar
Resumo: O presente estudo explora como as mulheres percebem o estupro dentro do casamento e analisa como os factores culturais e religiosos influenciam as percepções das mulheres sobre o estupro marital, bem como a compreensão sobre as raízes da sua normalização. A pesquisa baseia-se, por um lado, na teoria fenomenológica de Alfred Schutz, que se insere na Sociologia da vida quotidiana e, por outro lado, na teoria de Pierre Bourdieu, que analisa como as relações de género são estruturadas por sistemas de poder que naturalizam a superioridade masculina e a subordinação feminina. Quanto aos aspectos metodológicos, definimos a abordagem qualitativa com recurso ao método hipotético - dedutivo, usamos a entrevista semi- estruturada para a recolha do material empírico, a interpretação dos dados foi feita mediante a técnica de análise de conteúdo. Os resultados indicaram que muitas mulheres não reconhecem a existência da violência sexual no casamento devido à normalização das dinâmicas de poder patriarcais, onde o controle masculino é visto como uma extensão natural do casamento. As normas culturais e religiosas reforçam a ideia de que a esposa deve satisfazer as necessidades do marido, o que obscurece a percepção de que o acto forçado ou por intimidação é, na realidade, uma violência. Embora nos depoimentos das mulheres seja possível perceber os sinais de coerção, a falta de conscientização sobre os direitos da mulher e das leis que a protegem nessas situações tornam difícil que elas reconheçam a gravidade da situação. Essa aceitação implícita de comportamentos coercitivos reflete a profunda internalização de normas sociais que deslegitimam o estupro marital
Abstract: This study explores how women perceive rape within marriage and analyses how cultural and religious factors influence their perceptions of marital rape, as well as their understanding of the roots of its normalisation. The research is based, on the one hand, on Alfred Schutz’s phenomenological theory, which falls within the sociology of everyday life, and on the other hand, on Pierre Bourdieu’s theory, which examines how gender relations are structured by systems of power that naturalise male superiority and female subordination. Regarding the methodological aspects, we adopted a qualitative approach, using the hypothetical-deductive method. Semi structured interviews were conducted for the collection of empirical material, and data interpretation was carried out through content analysis. The results indicated that many women do not recognise the existence of sexual violence within marriage due to the normalisation of patriarchal power dynamics, in which male control is perceived as a natural extension of marriage. Cultural and religious norms reinforce the notion that a wife must fulfil her husband’s needs, which obscures the perception that forced or coerced acts constitute violence. Although women’s testimonies reveal signs of coercion, the lack of awareness regarding women’s rights and the laws that protect them in such situations makes it difficult for them to acknowledge the severity of the issue. This implicit acceptance of coercive behaviours reflects the deep internalisation of social norms that delegitimise marital rape.
Palavras-chave: Estupro marital
Violência sexual
Moçambique
Percepções das Mulheres
CNPq: Ciências Sociais
Sociologia
Idioma: por
País: Moçambique
Editor: Universidade eduardo Mondlane
Sigla da Instituição: UEM
metadata.dc.publisher.department: Faculdade de Letras e Ciëncias Sociais
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://monografias.uem.mz/handle/123456789/5322
Data do documento: 2-Mar-2025
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